ando ficando cada vez mais cega. eu, que sempre me orgulhei de enxergar tão bem!
às vezes desconfio que o motivo disso tudo foi ter ido à uma oftalmologista que, logicamente, me receitou óculos, porque provavelmente o compraria na ótica que funcionava junto ao consultório. lembro que ela disse que eu tinha um desvio no olho direito (ou era no esquerdo?), o que me fez cogitar a remota possibilidade de ser zarolha. mas minha longa convivência com o espelho me fez perceber que eu não era assim, vesga, o que me deixou bem mais tranquila.
concordo que, em se tratando de arial 10, revistas, legendas de filmes e coisas do gênero, eu preciso fazer um pequeno esforço para enxergar... mas nada assim tão drástico.
creio que essa minha 'cegueira' seja psicológica, e que meus olhos tenham se acostumado aos óculos que uso ocasionalmente.
em todo caso, não me perguntem o grau, pois não faço a mínima idéia.

ninguém vai ao cinema com você? vá sozinho.
sua melhor amiga não quer sair pra jantar com você? vá ao seu restaurante favorito e coma em dobro.
não tem namorado que te dê carinho? compre um cachorro.
sua turma saiu pra dançar e não te chamou? escolha um bom cd, coloque no aparelho de som e dance dentro do quarto, na frente do espelho.
ninguém te conta as novidades ultimamente? leia o jornal. ou a contigo, pra saber as fofocas.
sua cama está fria e não existe vivalma que te aqueça? lojas de departamento vendem edredons muito bons. se ainda assim estiver com frio, compre um aquecedor.
precisa conversar e ninguém te dá ouvidos? talvez o vento não responda, mas ele vai te ouvir, pode apostar.
não sei o que há de tão mal em estar sozinho. pode ser divertido às vezes. tudo, tudo é divertido ÀS VEZES. estar acompanhado também é divertido quando não há discussões, discordância, impaciência.
estar sozinho é algo sofrível, deprimente? faz o coração doer? faz lágrimas brotarem dos olhos? pois devíamos nos lembrar que estar com alguém pode fazer nosso coração doer mais ainda, nos fazer chorar o dobro, o triplo, o quádruplo.
a questão não é se estar só é ruim, bom, ou o que quer que seja. a questão é aprender a aproveitar as sensações que temos. é pensar que estar sozinho é ter tudo sob controle, sem grandes variações de humor, vida amena e relativamente estável. e estar acompanhado é viver de urgência, impulsividade, ter sentimentos intensos e variáveis.
algumas vezes nos é permitido escolher, outras não; que tal então encarar todos os dias como um dia lindo, faça sol ou venha a chuva?

[pois é. hoje fui às compras, ao cinema e ao restaurante... sozinha.]

[odeio hormônios femininos]

não há nada pior que oscilações de humor repentinas. num segundo você está feliz saltitante, cantarolando músicas alegres e sorrindo para todo mundo. no outro, você só quer se trancar no quarto e chorar chorar chorar ouvindo aquela música que aperta seu coração e o deixa sem ar.

na verdade, isso ainda não está acontecendo comigo. mas a minha previsão do tempo está anunciando sol forte pela manhã e chuvas torrenciais à tarde, com uma frente fria chegando à noite.

é, eu estou carente, muito carente, e nada pode ajudar, só o tempo, que por sinal demora horrores a passar.

[blábláblá]

casa. melhor lugar no mundo não há. mesmo com o barulho da tv ligada o dia inteiro (grande parte do tempo nos canais que o batatinha assiste), com a briga pela cadeira do computador, com mamãe reclamando com yuri ou igor reclamando de qualquer coisa, com papai ouvindo aquelas músicas sertanejas de mil novecentos e antigamente, com os amigos do batatinha correndo pra lá e pra cá, jogando videogame e gritando, mesmo com toda a confusão de uma casa onde moram sete pessoas, minha casa é meu recanto de paz e tranquilidade. melhor lugar no mundo não há.

além disso, me sinto satisfeita. não posso dizer feliz, mas digo confortável, meu coração está calmo, meu corpo um pouco cansado, e minha mente fervilhando. a única coisa que me desespera um pouco é o tempo que não passa, mas quando penso que só tenho que esperar mais um mês, só unzinho, aí eu me sinto mais tranquila, e minha alma se enche de paciência e esperança.

[sensível, carente, mas tudo vai bem]

[matem-me, por favor]

tudo o que eu mais queria era chegar na minha casa, alisar rufus e feroz, dar um cheiro na minha mamãezinha do coração, um abraço no meu papaizinho querido, assistir padrinhos mágicos com o batatinha, comer cuscuz com ovo bem quentinho, tomar um banho maravilhoso, ouvir a trilha sonora de garden state, ligar o ventilador, deitar na minha caminha com snif snif e pim do meu lado e dormir o melhor soninho do mundo.
porém...
vou chegar no pensionato, ver as meninas, conversar uma potoca qualquer, ver os mesmos programas de sempre na mtv, comer qualquer coisa que seja fácil e rápida de fazer (tipo pão com queijo), tomar banho de cuia porque está faltando água faz dois dias aqui no bairro, ouvir antena 1, ligar o ventilador, deitar na cama onde o colchão faz um buraco da forma do meu quadril e dormir um soninho razoável.
ruim? poderia ser pior.

[tanjal. clássico. saudades da infância]

Porque essa insistência toda nessa fruta cor de laranja que a gente descasca com a mão e que tem gominhos que são tão saborosos e ligeiramente azedinhos? [...]
identificação. a gente escolhe essas coisas que deixam a gente feliz e confortável e as torna parte da gente. uma música. uma frase. um animal. uma cena de filme. uma cor. um objeto. uma hora do dia. um poema.
uma fruta.
bergamota. mexerica. mandarina. laranja cravo. tangerina.
[you must taste just like sugar and tangerines]

p.s. lembrem-se de ler falando sozinho, de sabino.

equilíbrio.
existem coisas boas, e existem coisas ruins para compensar. a harmonia é bela. e o caos idem, porque se não houvesse caos não haveria nada para compensar a harmonia. tudo bem, filosofei demais.

hoje estava lendo contos de fernando sabino na biblioteca central, e me diverti horrores com um que dissertava sobre o ato de falar sozinho. sabino é espetacular, e discorre sinteticamente, porém com maestria, sobre esse assunto tão corriqueiro - quem é que vez por outra não se pega conversando com o ar? melhor ainda quando ele diz que "o próprio ato de escrever não é senão um modo de falar sozinho", e de repente acontece uma certa identificação... morri de rir.
sabino é uma boa leitura.
e não se espantem se um dia me encontrarem por aí travando diálogos intensos com a minha pessoa.

meio clichê, mas tudo são fases.

para cada sensação que temos, encontramos uma música, ou um trecho de uma, que se encaixa perfeitamente com o que sentimos.

maybe i've forgotten / the name and the address / of every one i've ever known / there's nothing i regret

eu não sou muito a favor de transcrições, mas essa mereceu. engraçado, eu gravei um cd cheio de músicas anos 80, e uma delas é regret, do new order (essa supracitada). às vezes essa música gruda na minha cabeça, e eu passo horas cantando os pedaços que conheço. mas hoje, de repente, esse verso me deu um soco e me deixou desnorteada. momento ó-meu-deus-ele-tá-dizendo-isso-especialmente-pra-mim-!. uma gracinha. parei para prestar atenção na letra, finalmente, e a elegi "a música do momento".
[essas coisas de música do momento são muito piegas, mas fazer o que se acontece com todo mundo, inclusive comigo?]

momento revolta-contra-a-vida-merda-que-levo.
momento revolta-contra-os-homens-podres-que-habitam-o-planeta.
momento revolta-contra-qualquer-coisa-que-me-tire-do-sério.

ok. estou ligeiramente irritada. com um pouco de mau-humor. e não é tpm. é só revolta. creio que todos passam por essas crises d raiva assim à toa, quando tudo é um pé no saco, tudo incomoda e seria uma boa se resolvessem explodir o mundo de uma hora pra outra, assim, sem avisar.

sou a favor da pena de morte, do porte de armas, do controle rígido de natalidade, do aborto, da eutanásia. e não questionem. as pessoas têm o direito de se expressar, por favor respeitem o meu.